Segundo o Censo de 2010, estima-se que 85% da população brasileira viva nas cidades e acredita-se que até 2030, esta população alcançará os 90%, precisando de alimentos, serviços e principalmente espaço para moradia. A construção de casas e prédios, as pavimentações e as obras de saneamento tem contribuído para oferecer aos cidadãos mais conforto e qualidade de vida, porém ao mesmo tempo, contribuem para a impermeabilização do solo. As áreas onde o solo pode absorver a água da chuva são cada vez menores, tornando as inundações mais comuns. Somado à essa problemática, você já se deu conta de que as áreas verdes estão gradualmente menores por conta das áreas ocupadas com moradias, prédios e asfalto? As áreas verdes são conhecidas por serem mais frescas, enquanto que nas áreas impermeabilizadas observamos a condição oposta, devido à natureza dos materiais utilizados. Essa mudança na paisagem urbana promove a chamada “ilha de calor”, que é a elevação das temperaturas nas cidades, causando desconforto e aumentando os gastos com ar condicionado. Não bastasse tudo isso, o crescimento desordenado das cidades suprime os espaços verdes como parques e jardins, que são espaços de lazer e recreação para todas as idades, afinal, quem nunca quis ter um jardim em casa, mas morava em apartamento, ou poder sentar num gramado e ler um livro? Existem algumas possíveis soluções para amenizar todos esses problemas, geralmente como ações isoladas, mas os telhados verdes ou coberturas verdes têm sido apontados como capaz de mitigar os efeitos causados pela pressão das cidades no meio ambiente.

Os telhados verdes podem ser entendidos como telhados que possuem um componente responsável por ser o suporte para o desenvolvimento vegetal, podendo ser solo ou outro substrato. Ainda pouco difundida no Brasil, esta técnica é empregada em diversos países, sendo que em alguns, é estimulada por meio de financiamentos ou reduções fiscais. Graças à pesquisa, os telhados verdes foram otimizados, por meio de melhorias no uso de materiais, melhorando a drenagem do substrato e impermeabilizando a superfície em contato com o prédio; ou na escolha das espécies, sendo elas mais adaptadas à cada condição. Esses ganhos científicos permitiram o uso dos telhados verdes de modo seguro e eficiente, de modo que possamos usufruir de seus benefícios.
Durante as chuvas, os telhados verdes receberão a carga de água equivalente ao seu tamanho e absorver-la-ão em seu substrato, sendo o excesso drenado pelo sistema de drenagem. A água armazenada nos espaços vazios do solo poderá ser utilizada pelas plantas ou evaporar devido ao aquecimento do solo, desafogando o sistema de águas pluviais. Pode parecer pouco, mas além de absorver uma parcela da água da chuva, os telhados verdes reduzem a velocidade da água, dando mais tempo para que o sistema de águas pluviais da cidade dê vazão às águas.
Nas épocas mais quentes, os telhados verdes manterão as construções mais frescas. Para ir além, as plantas promovem o resfriamento do ar por meio da transpiração, em que a água é absorvida pela planta e jogada na atmosfera, funcionando como borrifadores naturais, dissipando o calor. Além disso, a sombra projetada pelas plantas, impede que os raios solares aqueçam materiais que reteriam mais calor, favorecendo ainda mais a criação de um microclima mais agradável.
Somando à gestão de águas e conforto térmico, os telhados verdes têm sido boas opções para quem gostaria de ter um espaço verde em casa, no prédio ou na empresa. Como já comentado, telhados verdes são espaços de recreação e relaxamento, podendo ser perfeitamente encaixado no paisagismo. Os telhados verdes podem ser acessíveis e não acessíveis, cada um com suas particularidades. Quando não acessíveis, os telhados verdes devem possuir vegetação que necessite de pouca manutenção e que geralmente necessite de poucos recursos como água e nutrientes. Quando são acessíveis, os telhados verdes podem contar com uma diversidade maior de espécies passíveis de serem plantadas, pois é possível maiores intervenções, como podas, adubações e regas, abrindo margem para a chamada agricultura urbana.

Instalação de telhado verde por módulos

Para a construção de um telhado verde é necessário ter uma superfície com inclinação mínima de 1,5% para garantir o escoamento da água em excesso. O telhado verde consistirá em uma camada de impermeabilizante; um isolante térmico que pode ou não ser utilizado; uma camada drenante, uma camada de filtro, uma camada de substrato e a vegetação. O primeiro passo consiste na criação de muretas para conter o substrato e demais camadas, feito isso, passa-se a etapa de impermeabilização, que deverá ser feita utilizando as indicações do fabricante da manta usada. Os tipos de mantas usadas são a manta asfáltica e a manta de PVC, sendo a segunda à mais indicada, pois resiste melhor à perfuração por raízes. Feita a impermeabilização do telhado, podemos fazer a colocação do material drenante, geralmente sendo usada a argila expandida devido à sua leveza. Na seqüencia faz-se a colocação da camada de filtro, sendo composta principalmente por manta de bidim. Esta camada impedirá que o substrato seja levado embora pela água da chuva. Com a camada de filtro instalada, pode-se colocar o substrato que suportará a vegetação. São indicados substratos leves, capazes de reter boa umidade mas sem ficarem encharcados, pois não podemos esquecer que o telhado verde é um peso extra sobre a cobertura do seu prédio ou residência, e que mesmo assim as plantas necessitam da oferta adequada de água. A espessura da camada de substrato variará segundo o porte da vegetação desejada, isto é, quanto maior o tamanho das plantas instaladas, maior será a espessura necessária para suportá-las de pé e em oferta de nutrientes.
Além dos materiais citados, existem no mercado módulos que normalmente já substituem algumas camadas na construção de telhados verdes, camadas como a camada drenante, a camada de filtro e isolante térmico. Geralmente esses módulos são destinados à plantas de pequeno porte mas facilitam muita a instalação do telhado verde.

exemplo de módulo para telhado verde

 

 

A escolha das plantas está diretamente relacionada com o local onde você está localizado, o tipo de telhado verde que você escolheu, que por sua deve estar compatível com a estrutura da construção. Para telhados verdes extensivos, são indicadas suculentas, gramíneas e musgos, pois são pouco exigentes e conseguiriam se manter de modo espontâneo. Para telhados verdes intensivos, nos quais a profundidade do substrato pode chegar até 2m, o leque de plantas é muito maior, podendo ser usadas espécies arbóreas, dependendo apenas da adaptabilidade das espécies ao clima local e a possibilidade de manutenção oferecida pelo proprietário. Nos telhados verdes semi-intensivos, cuja a profundidade do substrato é em torno de 20 cm, podem ser usadas espécies que consigam explorar essa profundidade, como arbustos, folhagens ou espécies menores.

Antes de construir, faça o planejamento adequado com o auxílio de um paisagista, pois o mesmo poderá ajudar com o dimensionamento do seu telhado verde, levantando características da sua construção, características climáticas locais e suas preferências. A Arte Vegetal atua no mercado de paisagismo há mais de 25 anos e está à sua disposição. Contate-nos e agende a sua visita.